sábado, 21 de janeiro de 2012

A LUZ.



Os nossos olhos se adaptam a luz, as nossas pupilas dilatam ou contraem-se de acordo com a luminosidade. E essa adaptação é tão sutil, que é comum não percebemos que estamos num ambiente escuro, até que um feixe de luz entra por algum pequeno espaço. Ou a luz invade tudo, de uma só vez, a visão fica ofuscada por alguns instantes, a luz incomoda, quase fere os olhos, mas, novamente eles se adaptam.


E então, aos poucos percebemos neste mesmo ambiente, detalhes antes ocultados; as cores ganham mais vida, pequenos objetos ficam mais evidentes e as sombras se projetam dos corpos.


Nós nos adaptamos á escuridão do mundo, vemos em parte certos que estamos vendo tudo e com nitidez.
Até que a luz chega.
Não importa se for por um pequeno espaço em nossos corações, nos atraindo e despertando devagar o desejo por mais luz.
Ou se invadir a nossa alma, confrontando e expulsando toda escuridão.


O certo é que esta luz revela a verdade.
A luz revela as sombras, refletidas pela nossa carne.
Mas quanto mais próximos estamos da luz, menos a sombra fica evidente e quando estamos bem embaixo dela, a sombra praticamente se desfaz. Como o domínio do pecado sobre nosso corpo cada vez mais derrotado pela nossa proximidade com Jesus.


Cores, como alegrias que antes não podíamos deslumbrar, os detalhes que antes passavam despercebidos e que agora enxergamos são a graça e o cuidado de Deus conosco nas pequenas coisas, e em todas as coisas.
Podemos enfim enxergar o caminho e andar sem tropeçar.


A luz é permanente é invariável, imutável.
Se por alguns instantes o caminho começa a ficar novamente cinza, confuso, a sombra evidente demais, a alegria sumindo aos poucos, certamente não foi a luz que se apagou ou perdeu o brilho, nós é que caminhamos para longe dela e nossos olhos se acostumam, é preciso atenção.


Então é só olhar novamente para ela, começar a caminhar em sua direção, que tudo vai dando lugar à luz, cada vez mais, de uma vez por todas, ela é irresistível e irradia tudo que toca.


Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida. (Jo 8.12).


Kelly Rodrigues dos Santos Queiroz.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Quanto vale uma alma.

A igreja é composta de pessoas. Por que temos que nos lembrar disso? Deus não sonda arquivos de computador, sonda os corações das pessoas. Deus não derrama do Seu Espírito sobre estruturas e departamentos e sim sobre pessoas. Deus não habita em prédios, galpões e sim em meio aos louvores de seu povo.


No final da carta aos Romanos, Paulo cita nomes de pessoas reais (Priscila, Áquila, Epêneto, Junias, Maria, Urbano, Ampliato, etc). Um nome revela intimidade. Paulo conhecia aquelas pessoas, o que pode ser percebido pelas qualificações (notáveis, amado, cooperador, mãe para mim…).
Ao relacionar nomes e qualificações, Paulo faz do ensino sobre a igreja algo vivo e não apenas uma idéia ou um projeto. Isso faz soar o alerta quando vemos pessoas entrando e saindo dos templos. Jesus não veio ao mundo defender uma causa ou propagar uma idéia, veio para buscar e salvar os perdidos; não veio para fundar uma instituição, mas para anunciar a chegada de um Reino que não é deste mundo; não veio apenas para dar um bom exemplo, mas para dar sua vida em resgate de muitos.


Nesta missão, há uma passagem que se encontra em Mt 14.14, que diz que Jesus olhou para as multidões e teve compaixão deles; ensinou com paciência e misericórdia e ainda multiplicou pães e peixes; não esqueceu que um indivíduo merece tempo e atenção, como no caso da mulher samaritana e de Nicodemos, relatados no evangelho de João. Por isso acima de qualquer coisa o principal tesouro que temos aqui são as pessoas.
Em Paulo e em Jesus encontramos a verdade simples e radical de que igreja são pessoas, que juntas adoram, servem; que juntas crescem, auxiliam e semeiam.


Onde ninguém tem o papel de juiz sobre o próximo, afinal não há um justo sequer.
E principalmente onde ninguém é descartável, impróprio ou indigno de estar ali, todos tem o direito de ser respeitados, aceitos, amados independente de suas fraquezas e pecados. Se todos têm como Paulo a humildade de intitular-se como o principal dos pecadores, não há lugar para acusações, ninguém é julgado, mas acolhido e não há intolerância entre os irmãos.
E assim, a graça de Deus resplandece atraindo cada vez mais pessoas e fazendo com que cada vez mais as pessoas queiram estar ali, em comunhão, se ajudando, em amor. Quanto vale uma alma? Não vale mais que nenhuma outra alma e ainda assim cada uma vale mais que o mundo inteiro.


A igreja precisa dar o devido valor a cada pessoa e não ofuscar este valor jamais, não é só mais um membro é uma ovelha de Cristo, comprada com sangue. Há algum tempo atrás, li um livro chamado Feridos em Nome de Deus. Que relata experiências dolorosas de pessoas que foram rotuladas, expostas, afastadas de suas funções, envergonhadas dentro da igreja que deveria restaurá-las. Pessoas que se doaram, confiaram e viram sua vida particular, suas confissões serem assunto na congregação, tema de pregação, por fim foram tão feridas, que o processo de libertação desta dependência humana foi carregado de decepção e mágoa.
E mesmo depois o coração fica arredio, inseguro, desconfiado, mais endurecido. Isso quando há recuperação, e aí depende do quanto este coração está firmado em Cristo. E a cada dia mais, vejo coisas assim se repetindo.


Não são necessários vigias da santidade alheia, é necessária boa instrução com base na palavra e confiança de que cada um é responsável pela própria conduta, e pelo seu relacionamento com Cristo por base nesta palavra. Quem entende a graça não usa medidor de moral para comparar ninguém com ninguém ou para julgar. Não se estabelece um padrão de conduta para formar o corpo, excluindo ou isolando todos que estão fora deste "padrão".


A igreja deve restaurar. Cristo escolheu os maltrapilhos e os tratou por anos. O padrão é o amor  e a graça de Cristo. Exortar é um dom de Deus e a palavra exortar significa: Animar, incentivar, advertir, admoestar, aconselhar, estimular e no sentido mais bíblico; trazer para perto.Trazer para perto, olha só, dá a idéia de ser sim corrigido, mas também abraçado, guardado, com amor e por amor, estreitando os laços e fortalecendo intimidade e confiança, eu exorto e trago para mais perto de mim, e para mais perto de Deus.
Por uma igreja mais hospital e menos tribunal...


Kelly Rodrigues.
Com trechos retirados do texto, de Marcelo Maia.
Blog no Caminho.